O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse nesta segunda-feira (17) que pediu a Israel qualquer evidência de operação do Hamas em um prédio em Gaza que abrigava sedes da imprensa internacional – como a Associated Press e Al Jazeera – no fim de semana, mas não viu nenhuma.
Israel destruiu o prédio que abrigava a imprensa e alegou que o Hamas, partido político palestino, usava o prédio para um escritório de inteligência militar. A Associated Press já havia desmentido essa acusação no dia do bombardeio, alegando que seus funcionários trabalharam no edifício durante quinze anos e nunca viram nenhuma evidência de atividade do grupo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou o prédio de um “alvo perfeitamente legítimo” e alegou que Israel tem evidências de seus canais de inteligência.
No sábado, o presidente da Associated Press divulgou um comunicado à imprensa discutindo o bombardeio. “Estamos chocados e horrorizados que os militares israelenses tenham como alvo e destruam o prédio que abriga o escritório da AP e outras organizações de notícias em Gaza. Eles sabem há muito tempo a localização de nosso escritório e sabiam que jornalistas estavam lá. Recebemos um aviso de que o prédio seria atingido.”, disse Gary Pruitt, presidente da organização.
“O governo israelense afirma que o prédio continha ativos da inteligência militar do Hamas. Apelamos ao governo israelense para apresentar as evidências. A sucursal da Associated Press está neste edifício há 15 anos. Não tivemos nenhuma indicação de que o Hamas estava no prédio ou ativo nele. Isso é algo que verificamos ativamente com o melhor de nossa capacidade. Nunca colocaríamos conscientemente nossos jornalistas em risco.”, completou.
Desde o ataque, diversas organizações de imprensa ao redor do mundo mobilizaram-se contra o ataque de Israel, inclusive, pelo fato de que atacar a imprensa em conflitos pode ser considerado como um crime de guerra. O presidente Joe Biden não deu sinais de resposta pressão pública sobre Israel para que concordasse com um cessar-fogo imediato, apesar dos apelos de alguns democratas para que seu governo se envolvesse mais. Protestos pró-Palestina ocorreram ao redor dos Estados Unidos durante o fim de semana.
“Pouco depois do ataque, solicitamos detalhes adicionais sobre a justificativa para isso”, disse Blinken na segunda-feira. Ele se recusou a discutir inteligência específica, dizendo que “deixará para outros caracterizar se alguma informação foi compartilhada e nossa avaliação dessa informação”. Mas completou, dizendo: “Não vi nenhuma informação fornecida”.