A Suprema Corte de Londres permitiu que os Estados Unidos contestassem uma avaliação psiquiátrica de Julian Assange, fundamental em uma decisão judicial anterior que recusou o pedido de Washington de extraditá-lo para julgamento.
O processo de apelação desta quarta-feira é o mais recente desenvolvimento no esforço contínuo do Departamento de Justiça dos Estados Unidos para extraditar Assange para ser julgado em solo americano por supostos crimes relacionados a computadores.
A juíza britânica Vanessa Baraitser recusou o pedido em janeiro por motivos humanitários, determinando haver um alto risco de Assange tirar a própria vida se ela concordasse com sua extradição. Testemunhos do psiquiatra Michael Kopelman sobre o mau estado da saúde mental do australiano foram cruciais no caso.
Os Estados Unidos foram autorizados a contestar a decisão do Tribunal Distrital em três pontos e querem prosseguir com mais dois argumentos. Uma de suas linhas extras de ataque, concedida pelo Lord Justice Tim Holroyde, foi buscar a rejeição dos testemunhos de Kopelman, devido ao fato de que ele inicialmente ocultou a relação de Assange com Stella Moris e o fato de que eles tinham dois filhos juntos.
Clair Dobbin, que representa o lado norte-americano, argumentou que o professor enganou o tribunal e que sua opinião sobre o estado de espírito de Assange deveria ter sido rejeitada pela juíza Vanessa Baraitser.
O nome da parceira de Assange não era público no momento do depoimento inicial de Kopelman, mas tornou-se conhecido antes de a decisão ser aprovada. O perito da defesa relatou a paternidade de Assange e disse, quando pressionado pelo lado dos Estados Unidos durante as audiências de extradição, que não revelou a identidade de Moris por respeito à privacidade dela. Baraitser decidiu ao rejeitar o pedido de extradição que, embora Kopelman tenha enganado o tribunal, ele não falhou em seu papel de testemunha imparcial.