Esperei a semana inteira para chegar domingo e eu poder comer pastel da feira. Seis dias sonhando em qual sabor eu ia pedir, e se o que ia acompanhar era, coca ou guaravita. Pensei em qual roupa eu iria, e o sapato mais confortável para andar até a rua.
Senti que o sabor tinha que ser de queijo e a bebida guaravita. Tive oportunidades na semana de comer pastel e até de beber guaravita, mas guardei para matar a vontade com o pastel da feira de domingo.
Mas quando foi domingo choveu. Não teve feira, não teve pastel. Não matei minha vontade, e fiquei com fome de desejo.
Chegou à noite e eu pedi pizza, na esperança de me deixar satisfeita. Mas pizza nunca foi pastel, e guaravita não entra mais em casa desde 2010. Tentei ir me enganando durante a semana. Quis provar para mim mesma que não ia ficar refém do desejo de comida.
Quarta-feira é o dia de feira na minha rua. Eu poderia ter matado o desejo do domingo, ou pelo menos passar na frente da barraca para sentir o cheirinho… Mas não! Me tranquei em casa e almocei e jantei comida “normal”.
Passaram uns meses e eu não matei a vontade do pastel da feira de domingo. Sobrevivi e nem penso muito em comida de feira. Nem passo pela rua dessa tal feira. Consegui esquecer com as outras comidas e bebidas que achei por aí. Mas admito que torço todo dia para aparecer o pastel e guaravita na minha porta pedindo desculpas pela chuva.