Passei o final de semana todo com medo, um medo exagerado, desgastante e principalmente irracional. Tentei escrever um pouco para tentar me acalmar, passar um pouco do sentimento para o caderno, porém minha paranoia era tamanha que não conseguia ler os meus poemas, o medo de não estar bom me fez arrancar inúmeras paginas do meu caderno e rescrever versos e mais versos, até perceber que qualquer coisa que fizesse naquele momento não estaria suficientemente bom — pelo menos não para mim.
Tentei dormir, ler, assistir a algum filme, mas o medo de que meu celular tocasse ou de escutar o barulho dos portões de casa se abrindo e o som do motor do carro ligando não me permitiram fazer nada. Foi um péssimo final de semana, mas felizmente acabou, e apesar dos meus medos persistirem — e provavelmente continuam por mais algum tempo — eu consegui escrever um poema e ironicamente eu estou morrendo de medo de publicá-lo.
Versos covardes
Eu sou todos os meus medos O medo de falar, o medo de sorrir, O medo de amar, o medo de partir. Não vou guardar nenhum segredo, sou um só com os meus medos. Tenho medo de gente, medo da escuridão; Tenho medo do futuro, da alienação; Medo do fracasso e da decepção; Tenho um medo pungente de solidão. Não sinto prazer em ter medo, Porém, o medo que me rege, É o mesmo que me protege Da minha intensa obsessão. Mas que esse medo seja breve. Vá embora! Não se apegue, Só me sirva de lição.