Essa comédia é pautada em duas veias clássicas do cinema espanhol; o exagero e a caricatura, temos aqui personagens que são assumidamente esteriótipos; seja a diretora lésbica conhecida pelos festivais, interpretada por Cruz ou o ator vendido para indústria americana vivido por Banderas -uma versão dele mesmo? — ou o professor de teatro que trabalha por amor e não por dinheiro. São formas irreverentes de fazer uma autocrítica e principalmente uma reflexão cômica sobre os vícios do próprio cinema, e de como apreciamos e absorvemos essa arte/produto.
O longa-metragem trabalha principalmente através da rivalidade proposta a esses dois atores tão diferentes, mediada pela diretora, assim com o decorrer da rodagem os conflitos se intensificam e as personalidades se revelam em vícios e situações errantes sucessivas, levadas através do humor. É perceptível como os atores se divertem nesses papéis, engrandecendo muito o humor proposto aqui, o trio principal está num tom de atuação soberbo, sendo esses os três principais alicerces do filme. E a abordagem visualmente minimalista dos diretores, seja nos cenários como na fotografia, potencializa as interpretações e assim o filme.
